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O Brasil precisa do Rio Grande

Feche os olhos e imagine que um país do tamanho da Itália e com a importância econômica que ela tem para a Europa foi totalmente devastado por um fenômeno climático. Agora, imagine que um quinto ou mais de sua população não apenas perdeu tudo o que tinha, mas também o teto sobre as cabeças e qualquer condição de recuperar o que perdeu. Agora, abra os olhos e veja tudo o que está acontecendo aqui no Rio Grande do Sul. Não há nenhum exagero na comparação, seja pela extensão territorial da área atingida, seja pela proporcionalidade da importância econômica que temos para o país.

O Rio Grande do Sul é, hoje, o quinto maior PIB estadual do Brasil, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Em 2023, o estado gaúcho representou 5,9% do PIB nacional, somando R$640,23 bilhões. Enquanto isso, o PIB per capita da região ficou em R$55.454,00 (10,5% maior que a média do país). Mas não apenas por isso. O perfil da nossa economia (fortemente baseada no agronegócio, que representa cerca de 40% deste PIB) se assemelha muito ao italiano também. E essa é mais ou menos a importância que a Itália tem para a Europa. Daí o porquê da comparação.

As projeções mais “otimistas” dos economistas indicam que, “se tudo der certo”, teremos “apenas” uma estagnação econômica no Estado. Mas uma retração, no balanço de final de ano, é o cenário mais provável. Retração que se traduzirá em perda de capacidade financeira das empresas e das pessoas e na consequente queda dos indicadores sociais, embalada por números ainda não identificáveis de retração nos empregos e, lamentavelmente, de aumento no desemprego, em todas as cadeias produtivas.

Vencida a primeira catástrofe, em que a prioridade foram os resgates, o abrigo, as doações e a assistência, para manter as pessoas vivas e com um mínimo de dignidade, a missão agora é superar a segunda catástrofe: ajudar um estado inteiro a se reerguer, seja nos seus negócios, seja na sua vida. A solidariedade dos nossos irmãos gaúchos, e de todos os brasileiros, nos emociona e ela foi e é por demais necessária. Todos os brasileiros – e especialmente os governos, em seus mais diferentes níveisdevem agir nesse sentido e não apenas por compaixão, ou por humanidade, mas porque não é apenas o Rio Grande que precisa do Brasil. Mas também é o Brasil que precisa do Rio Grande. E nós não haveremos de faltar!

Luciano Silveira

Deputado Estadual

Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa

Artigo publicado na edição de 27 de maio de 2024, no Jornal do Comércio