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Medalha proposta por Luciano homenageia líder comunitária do Litoral

Por proposição do deputado Luciano Silveira, a líder comunitária Maria José Matos da Silva recebeu, in memoriam, a medalha da 56ª Legislatura. A cerimônia foi realizada no início da tarde desta quarta-feira, 9, na sala da Presidência da Assembleia. A homenagem à dona Zezé, como era conhecida, estava marcada para o dia 12 de julho, mas ela faleceu repentinamente, a quatro dias da cerimônia. Receberam a medalha, em nome dela, os filhos Gislaine, Joel e Daniel (ela ainda deixou a filha Eliane, que não pode comparecer). “Gostaria de ter feito a entrega diretamente à dona Zezé, mas quis o destino que ela nos deixasse, antes mesmo que pudéssemos realizar a cerimônia. Fica o consolo de que ela pode aceitar e agradecer a homenagem proposta por nosso gabinete a este exemplo de solidariedade humana, uma gigante de 1m50cm”, afirmou o parlamentar. Em nome da família, a filha Gislaine agradeceu a homenagem, lembrando a alegria da mãe, de ter seu trabalho reconhecido.

Moradora de Capão da Canoa, no Litoral Norte, Dona Zezé faleceu no último dia 8 de julho, deixando um legado de humanidade e desprendimento. Iniciou seu trabalho de caridade quando residia no município de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Integrante de um clube de mães, ajudava a produzir pães em um forno comunitário, distribuídos de forma gratuita para a comunidade carente. Porém, quando o forno foi construído e estava em pronto funcionamento, dona Zezé precisou se mudar e passou a residir no Litoral Norte. Mas carregou na bagagem o sonho de doar-se aos que mais precisavam no forno comunitário.

As dificuldades no novo contexto de vida começaram a aparecer. Ficou viúva muito jovem, aos 41 anos, com quatro filhos muito pequenos, e ela que alimentaria centenas de pessoas todos os dias, chegou a passar fome. Mesmo com todas as adversidades, jamais deixou de ser solidária e ativa na luta por melhorias para sua comunidade. Realizou um abaixo assinado que deu origem ao posto de saúde 24 horas do município, participou da limpeza do Arroio da Pescaria, que deu origem ao primeiro nome da cidade, e que permanece limpo até os dias atuais. Por esse trabalho, ganhou uma figueira em sua homenagem, plantada às margens do arroio. Mesmo envolvida em outras causas, o sonho da construção do forno comunitário permaneceu vivo.

Por conta de sua participação ativa na comunidade, obteve a ajuda de seu amigo, o radialista Rubenir Fernandes, em uma campanha de mobilização para a construção do forno. Esse foi o início daquilo que iria se tornar a vida da dona Zezé. Em seis de agosto de 1997, foi inaugurado o Forno Comunitário Madre Assunta, nos fundos da casa onde ela residiu até sua morte. Inicialmente, atendia 10 mães, que recebiam os ingredientes e faziam os seus próprios pães, mas logo dona Zezé percebeu que este não era o melhor formato, pois um pão crescia mais que o outro e gerava desconforto entre as mães. Foi então que ela reuniu um grupo de voluntárias que passou a produzir todos os pães e distribuir às famílias carentes cadastradas.

Um trabalho que foi realizado por ela durante 26 anos. Hoje, produz cerca de mil pães por semana, e possui mais de 150 famílias cadastradas para as doações. O que ocupava somente os fundos da sua residência, passou a contar com apoios em toda a cidade. Cada bairro tem uma casa que é o ponto de coleta, onde as famílias retiram os seus pães.

As crianças que foram alimentadas pelos seus primeiros pães, hoje são doadores, que auxiliam na manutenção desse trabalho. O pão simples, que não usa nem ovos nem leite, por conta dos custos desses insumos, tem o amor e a solidariedade como ingredientes fundamentais e que mata a fome de centenas de crianças e adultos, alimentando a esperança de todos os que acreditam que nossa maior força vem da empatia.

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